A nova gestão de João Henrique mal começou e já mostrou a sua nova face. Se no governo anterior ainda havia o discurso da “Participação Popular”, a nova Prefeitura, recheada do discurso - e prática – de extrema direita do Ministro Geddel e do DEM (darinhas do mesmo saco), tendo como slogan “Salvador de um novo tempo”. A mudança no perfil e discurso da Gestão Municipal fica patente já em sua logomarca. Os bonecos de seres humanos, negros e mulheres em posição de luta são substituídos por prédios de várias cores, os novos “sujeitos” da Prefeitura. Salvador deixa de ser Popular e passa a ser “de um novo tempo”... para o Mercado Imobiliário da elite.
Logomarca antiga: Mera demagogia para um prefeitura que aprovou o PDDU do Mercado Imobiliário
Nova logomarca: A carapuça caiu e a Prefeitura assumiu para quem governa.
É dentro deste contexto que deve ser interpretada a mais nova investida do fascismo disfarçado que toma conta do governo Municipal. Ontem era o Canal de Mussurunga, com expulsão violenta de várias famílias para criar mais sistema viário para a Paralela (http://www.assim2.blogspot.com/ e http://www.youtube.com/watch?v=GLfIjoFf0D0). Dinheiro público mais uma vez conformando e valorizando o mercado Imobiliário.
Hoje o alvo é a Vila Brandão. Comunidade com mais de 60 (SESSENTA!!!!!) anos de existência, formada por pescadores, camelôs, autônomos e outros trabalhadores pauperizados e, em sua maioria, negros. Mas essa comunidade negra cometeu o pecado de estar localizada justamente no centro da elite branca e racista de Salvador e não no subúrbio, distante dos olhos e das políticas públicas municipais. Logo, deve ser punida com a pena capital: a extinção. Não é à toa que são estas as palavras usadas pelo Jornal Correio da Bahia, máximo representante desta mesma elite, com ares de felicidade em suas linhas.
Entretanto, a comunidade sempre resistiu. Resistiu às diversas investidas do Yatch Club, à especulação imobiliária interna, por gringos que realizam expulsão indireta de antigos moradores, resiste à ação de empreendimento imobiliário, que em 2007 destruíram o patrimônio histórico da Mansão Wildeberg e tentaram ludibriar a comunidade, oferecendo falsas vantagens. Agora, espera-se que a comunidade resista mais uma vez à ação do truculenta do Ministro Geddel, por meio de sua marionete, o prefeito da capital.
Além disto, o que não vai faltar, espera-se, é apoio de entidades contra essa ação tresloucada do Governo Municipal. Movimentos Sociais, Movimento Negro, entidades de assessoria, Universidade, Ministério Público, Defensoria Pública, artistas e outras personalidades, que sempre apoiaram a Vila Brandão, precisam agora somar força à mobilização da comunidade na luta contra sua extinção.
Vila Brandão será desapropriada pela prefeitura
Felipe Amorim Redação CORREIO
A Vila Brandão, reduto de casas populares há mais de 60 anos espremida entre a Ladeira da Barra e a Baía de Todos os Santos, será desapropriada pela prefeitura.
A notícia foi confirmada ontem pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Habitação e Meio Ambiente (Sedham). O decreto com a medida estava previsto para ser publicado hoje no Diário Oficial do Município.
A desapropriação engloba uma área de 17,7 mil metros quadrados do terreno pertencente à construtora portuguesa Imocon, a mesma responsável pela construção do Hotel Hilton, no Comércio.
Um outro decreto, publicado na quarta, também desapropriou uma área vizinha de 836,79m², contígua ao terreno do Yatch Clube, e que foi motivo de recente disputa judicial entre o clube e a construtora Marka, que possuía planos de erguer um apart-hotel no local.
“Os estudos técnicos vêm sendo feitos há algum tempo, mas a decisão foi tomada há 15 dias”, revela a assessora chefe da Sedham, Renilda Menezes. Na área a ser desapropriada, a prefeitura planeja realizar obras de reurbanização, com a construção de um mirante e um acesso facilitado à área.
Menezes também confirmoua intenção de desapropriar os imóveis da vila. Atualmente, o único acesso pavimentado à Vila Brandão é feito do Largo da Vitória, por meio de uma íngreme escadaria, ou uma ladeira.
Por lá, a reação foi de surpresa quando a reportagem chegou, na tarde de ontem, trazendo a notícia e o mapa da área que será desapropriada. “João Henrique não impediu que o Yatch Clube retirasse o parquinho das crianças da vila, e vai querer tirar a Vila Brandão daqui?”, indigna-se o vice-presidente da Associação de Moradores da Vila Brandão, o carpinteiro naval Roberval Ribeiro, 36 anos, 20 deles passados na vila, fazendo referência à polêmica disputa entre os moradores e o clube em 2007.
Pelas contas da associação de moradores, cerca de 350 famílias vivemem 200 casas, amontoadas na encosta da Ladeira da Barra. Em sua maioria, são pescadores, vigilantes, domésticas e outros profissionais cuja renda não alcança o IPTU e os altos aluguéis da vizinhança acima.
“As pessoas não estão dispostas a abrir mão da paz e da segurança daqui em troca de uma indenização. Aqui nembriga de vizinho tem. Esse projeto vai para a gaveta”, avisa a chefe de cozinha Ana Patrícia da Silva, 35 anos, presidente da Associação de Moradores, vivendo na Vila Brandão desde que tinha 10 anos.
(Notícia publicada na edição de 20/03/2009 do CORREIO)
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